Você Controla Suas Ideias ou Elas São Controladas?


conectados.site



A maior ilusão do homem moderno é acreditar que suas ideias lhe pertencem. Ele acorda, lê as manchetes, assente com a cabeça e repete as frases que lhe foram sopradas na noite anterior, convencido de que se tratam de suas próprias reflexões. Chama isso de "senso comum" e, sem perceber, faz o papel de caixa de ressonância de um aparato de condicionamento psicológico tão refinado que ele sequer nota sua própria obediência.

A sociologia, essa ciência que se pretende analítica, mas tantas vezes não passa de um sacerdócio disfarçado, nos diz que o senso comum é o conjunto de crenças aceitas sem questionamento por uma sociedade. Mas essa definição, de tão pueril, beira o ridículo. Não há nada de espontâneo no que uma sociedade considera "óbvio". O óbvio é manufaturado. O consenso é fabricado. E, como qualquer outra mercadoria, tem seus produtores, distribuidores e revendedores.

Tome qualquer ideia amplamente aceita em sua época e pergunte-se: quem a enfiou na sua cabeça? Não há nada mais fácil do que disseminar convicções em larga escala. O "senso comum", essa entidade tão reverenciada, é apenas o nome que se dá àquilo que já foi implantado com sucesso no imaginário coletivo.

A ideia de que os governos influenciam diretamente a formação do senso comum não é teoria da conspiração, é uma banalidade. Pierre Bourdieu, com seu conceito de habitus, já apontava como os indivíduos absorvem passivamente estruturas simbólicas impostas pelo meio social. Michel Foucault, com sua obsessão pelo poder e seus tentáculos, demonstrou como o controle do discurso define o que uma sociedade aceita como "verdade". Mas basta um olhar atento para perceber que a manufatura do senso comum não se limita às universidades e círculos acadêmicos, ela acontece em tempo real, nos telejornais, nas redes sociais e nas diretrizes burocráticas que regem o ensino e a cultura.

Os meios de comunicação não informam; eles treinam. A escola não educa; ela condiciona. O jornalismo não reporta; ele esculpe a percepção pública. A repetição de uma ideia não é prova de sua veracidade, mas de sua eficácia como ferramenta de controle.

Se o senso comum é um construto, então a única atitude racional diante dele é a suspeita. Você sabe de onde vêm suas certezas? Ou apenas recebeu um conjunto de pensamentos pré-fabricados, embalados e distribuídos por uma engrenagem invisível?

Se não controla suas ideias, ao menos tenha a dignidade de perguntar quem as controla por você.


José Rodolfo G. H. Almeida é escritor e editor do site www.conectados.site

Apoie o Site

Se encontrou valor neste artigo, considere apoiar o site. Optamos por não exibir anúncios para preservar sua experiência de leitura. Agradecemos sinceramente por fazer parte do suporte independente que torna isso possível!

Entre em Contato

Para dúvidas, sugestões ou parcerias, envie um e-mail para contato@conectados.site

___________________________________


Do you control your ideas or are they controlled?


Modern man's greatest illusion is to believe that his ideas belong to him. He wakes up, reads the headlines, nods his head and repeats the phrases that were whispered to him the night before, convinced that they are his own reflections. He calls this "common sense" and, without realizing it, he acts as a sounding board for a psychological conditioning apparatus so refined that he does not even notice his own obedience.

Sociology, that science that claims to be analytical but is so often nothing more than a priesthood in disguise, tells us that common sense is the set of beliefs accepted without question by a society. But this definition, so puerile, borders on the ridiculous. There is nothing spontaneous about what a society considers "obvious". The obvious is manufactured. Consensus is manufactured. And, like any other commodity, it has its producers, distributors and resellers.

Take any idea that was widely accepted in its time and ask yourself: who put it in your head? There is nothing easier than disseminating convictions on a large scale. "Common sense," this much-revered entity, is simply the name given to something that has already been successfully implanted in the collective imagination.

The idea that governments directly influence the formation of common sense is not a conspiracy theory; it is a banality. Pierre Bourdieu, with his concept of habitus, already pointed out how individuals passively absorb symbolic structures imposed by the social environment. Michel Foucault, with his obsession with power and its tentacles, demonstrated how the control of discourse defines what a society accepts as "truth." But a closer look is enough to realize that the manufacture of common sense is not limited to universities and academic circles; it happens in real time, on TV news, on social media, and in the bureaucratic guidelines that govern education and culture.

The media do not inform; they train. Schools do not educate; they condition. Journalism does not report; it shapes public perception. The repetition of an idea is not proof of its veracity, but of its effectiveness as a tool of control.

If common sense is a construct, then the only rational attitude towards it is suspicion. Do you know where your certainties come from? Or have you simply received a set of prefabricated thoughts, packaged and distributed by an invisible mechanism?

If you do not control your ideas, at least have the dignity to ask who controls them for you.


José Rodolfo G. H. Almeida is a writer and editor of the website www.conectados.site

Support the website

If you found value in this article, please consider supporting the site. We have chosen not to display ads to preserve your reading experience. We sincerely thank you for being part of the independent support that makes this possible!

Get in Touch

For questions, suggestions or partnerships, send an email to contato@conectados.site

Comentários