A Dialética – A Arma Política
O socialismo não sobrevive por sua coerência, mas precisamente pelo oposto: sua capacidade de converter contradições em ferramentas de dominação. Onde uma doutrina séria ruiria sob o peso de suas próprias mentiras, o socialismo se fortalece, pois sua lógica interna não exige veracidade, apenas eficácia retórica. Se um plano dá certo, é mérito do sistema, se fracassa, a culpa recai sobre as "forças reacionárias", essa lógica circular não é um defeito, mas o próprio motor da estratégia revolucionária.
A dialética, concebida originalmente como método filosófico de investigação da verdade, foi transmutada por Marx em um expediente de corrosão intelectual. O que era uma ferramenta da razão tornou-se um instrumento de poder: a realidade deve ser dilacerada e remontada segundo o esquema binário de opressores e oprimidos, onde a "síntese" nunca é um conhecimento mais elevado, mas sim um passo tático rumo à revolução. No socialismo, o pensamento dialético não se submete à verdade; pelo contrário, a verdade se submete à estratégia dialética.
Tome-se, por exemplo, a segurança pública. Se um governo socialista promete reduzir o crime e obtém êxito, ele exalta a competência estatal. Se, ao contrário, a criminalidade explode, a narrativa se adapta: agora, a violência é prova da opressão estrutural da sociedade, exigindo mais intervenção estatal, mais controle sobre os cidadãos, menos liberdades. O resultado objetivo é irrelevante. O que importa é que qualquer desfecho possa ser convertido em argumento a favor da expansão do poder estatal.
A dialética socialista não erra; ela trapaceia. Os que bradam em defesa dos direitos humanos são os mesmos que apoiam regimes genocidas. Os que se dizem arautos da liberdade clamam por censura. E o mais espantoso: essa contradição não é sentida como um dilema moral, pois o socialista, absorvido na lógica da revolução, não está comprometido com princípios, mas com a vitória.
Veja-se a política externa de Vladimir Putin. Ele se vende como defensor da civilização cristã, ao mesmo tempo em que financia regimes e grupos islâmicos radicais que exterminam cristãos. Para um observador ingênuo, essa duplicidade pareceria uma contradição. Para quem compreende a dialética revolucionária, trata-se de um método impecável: não importa a moralidade da ação, mas sim sua utilidade estratégica. O que quer que sirva ao fortalecimento do poder é válido, o resto é detalhe.
As consequências dessa inversão são devastadoras. Quando qualquer discurso pode ser invertido conforme a conveniência, a própria estrutura cognitiva da sociedade começa a ruir. A verdade se dissolve, a moralidade se reduz a um teatro, e a confiança nas instituições se evapora. E resta apenas um vácuo, um cenário controlado no qual tudo pode ser justificado, e quem detém o monopólio da narrativa detém o monopólio do poder.
Contra essa engenharia do engano, a única resistência possível é a reafirmação obstinada da lógica e da moralidade objetiva. A dialética socialista não pode ser derrotada por concessões ou acordos, pois prospera exatamente na ambiguidade e na confusão. Sua única fraqueza é a verdade clara, explícita e inegociável, e é precisamente por isso que os revolucionários a temem tanto.
José Rodolfo G. H. Almeida é escritor e editor do site www.conectados.site
Apoie o Site
Se encontrou valor neste artigo, considere apoiar o site. Optamos por não exibir anúncios para preservar sua experiência de leitura. Agradecemos sinceramente por fazer parte do suporte independente que torna isso possível!
Entre em Contato
Para dúvidas, sugestões ou parcerias, envie um e-mail para contato@conectados.site
__________________________________
Dialectics – The Political Weapon
Socialism does not survive because of its coherence, but precisely because of its ability to convert contradictions into tools of domination. Where a serious doctrine would collapse under the weight of its own lies, socialism grows stronger, because its internal logic does not require truthfulness, only rhetorical effectiveness. If a plan succeeds, it is the merit of the system; if it fails, the blame falls on the “reactionary forces.” This circular logic is not a defect, but the very driving force of revolutionary strategy.
Dialectics, originally conceived as a philosophical method of investigating truth, was transformed by Marx into an expedient of intellectual corrosion. What was a tool of reason became an instrument of power: reality must be torn apart and reassembled according to the binary scheme of oppressors and oppressed, where “synthesis” is never a higher knowledge, but rather a tactical step towards revolution. In socialism, dialectical thought does not submit to truth; on the contrary, truth submits to dialectical strategy.
Take public safety, for example. If a socialist government promises to reduce crime and succeeds, it extols state competence. If, on the contrary, crime explodes, the narrative adapts: now, violence is proof of the structural oppression of society, demanding more state intervention, more control over citizens, fewer freedoms. The objective result is irrelevant. What matters is that any outcome can be converted into an argument in favor of expanding state power.
The socialist dialectic does not make mistakes; it cheats. Those who cry out in defense of human rights are the same ones who support genocidal regimes. Those who claim to be heralds of freedom call for censorship. And the most astonishing thing: this contradiction is not felt as a moral dilemma, because the socialist, absorbed in the logic of revolution, is not committed to principles, but to victory.
Consider Vladimir Putin’s foreign policy. He sells himself as a defender of Christian civilization, while at the same time financing radical Islamic regimes and groups that exterminate Christians. To a naïve observer, this duplicity would seem like a contradiction. For those who understand revolutionary dialectics, it is an impeccable method: it is not the morality of the action that matters, but its strategic utility. Whatever serves to strengthen power is valid, the rest is a detail.
The consequences of this inversion are devastating. When any discourse can be inverted at will, the very cognitive structure of society begins to crumble. Truth dissolves, morality is reduced to theater, and trust in institutions evaporates. In the end, there is only a vacuum, a controlled scenario in which everything can be justified, and whoever holds the monopoly of the narrative holds the monopoly of power.
Against this engineering of deception, the only possible resistance is the stubborn reaffirmation of logic and objective morality. Socialist dialectics cannot be defeated by concessions or compromises, because it thrives precisely on ambiguity and confusion. Its only weakness is the clear, explicit, non-negotiable truth, and that is precisely why revolutionaries fear it so much.
José Rodolfo G. H. Almeida is a writer and editor of the website www.conectados.site
Support the website
If you found value in this article, please consider supporting the site. We have chosen not to display ads to preserve your reading experience. We sincerely thank you for being part of the independent support that makes this possible!
Get in Touch
For questions, suggestions or partnerships, send an email to contato@conectados.site
Só não vê quem não quer!
ResponderExcluir