1964 A História que Esconderam de Você
Em 1964, o Brasil mergulhou em uma crise política intensa, marcada pela instabilidade e pela ameaça comunista, com influência direta de potências estrangeiras. Cuba, liderada por Fidel Castro, buscava expandir sua influência na América Latina, exportando sua revolução e apoiando movimentos políticos em diferentes países da região. A participação de Cuba no treinamento de militantes brasileiros, fornecendo recursos, instrução militar e apoio ideológico, foi um dos aspectos mais notáveis de sua intervenção.
Além disso, a União Soviética e a China estavam igualmente envolvidas, cada uma com seus próprios interesses geopolíticos. A União Soviética, sob a liderança de Nikita Khrushchov na época, buscava estender sua influência global e via a América Latina como uma área de potencial expansão de sua esfera de influência. Por meio de apoio político, financeiro e ideológico, a União Soviética contribuiu para fortalecer movimentos políticos revolucionários e desestabilizar governos considerados adversários.
A China, liderada por Mao Tsé-Tung, também estava ativa na América Latina, buscando estabelecer alianças com governos e movimentos que compartilhassem sua visão comunista. Embora o relacionamento da China com os países latino-americanos fosse menos proeminente do que o da União Soviética e de Cuba, ainda assim desempenhava um papel significativo na difusão da ideologia comunista na região.
Essa cooperação entre países comunistas e movimentos de esquerda latino-americanos foi uma manifestação da Guerra Fria, onde as potências globais competiam pela influência geopolítica em diferentes partes do mundo. Além da influência direta das potências estrangeiras, vários outros fatores contribuíram para o contexto político que culminou na reação popular.
O período pré-1964 foi marcado por uma série de crises políticas e econômicas, incluindo inflação alta, instabilidade no governo e conflitos sociais. Movimentos de esquerda, sindicatos e grupos estudantis estavam cada vez mais ativos, defendendo reformas econômicas radicais. Ao mesmo tempo, setores conservadores, viam essas demandas como uma ameaça à ordem social e econômica estabelecida.
O governo do presidente João Goulart enfrentava crescente oposição no Congresso e na sociedade civil devido a suas políticas consideradas radicais. Suas propostas de reforma agrária e nacionalização de empresas geraram resistência. Diante desse contexto de instabilidade e ameaça percebida ao status quo, setores conservadores da sociedade, passaram a pressionar por uma intervenção militar para salvar o país de um golpe comunista iminente.
Essa pressão culminou na mobilização popular em favor da intervenção militar em 1964. A reação popular através de diversos movimentos civis brasileiros, como a "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", tomaram as ruas em todo o país, clamando por uma intervenção militar para proteger a democracia e os valores nacionais. Contrariando a narrativa comum, não foram os militares que instigaram "um golpe", mas sim o Congresso Nacional que, por aclamação popular, cassou o mandato do presidente João Goulart em 2 de abril de 1964.
Esta ação foi respaldada juridicamente pela Constituição vigente, seguindo o devido processo legal conforme as normas da época. Em seguida, em 9 de abril, o Congresso elegeu o Marechal Castelo Branco como presidente do Brasil. Esta eleição contou com o voto de figuras proeminentes da política brasileira, como Ulisses Guimarães, reforçando a legalidade e a legitimidade do processo.
Durante o regime militar no Brasil, embora os militares exercessem influência sobre o governo e tivessem um papel significativo na escolha dos candidatos a presidência, o processo político das eleições para presidente eram realizadas de acordo com as regras estabelecidas pela Constituição de 1967, que foi promulgada durante o regime militar. Os candidatos à presidência eram indicados pelo partido político oficial do regime militar, o Arena. Os candidatos à presidência eram submetidos a votação popular, e o vencedor era eleito presidente.
O Congresso Nacional continuava a desempenhar um papel ativo na política brasileira durante o regime militar. As eleições para o Congresso eram realizadas regularmente, e os membros do legislativo eram eleitos pelo voto popular. Os partidos políticos, incluindo a Arena e o MDB, participavam das eleições e competiam pelos assentos no Congresso. Durante o regime militar, existiam múltiplos partidos políticos, embora a Arena fosse o partido oficial do regime. O MDB, embora considerado uma oposição controlada, tinha representação no Congresso e participava do processo político. Outros partidos também existiam e competiam nas eleições.
As eleições sob o regime militar eram realizadas com base no voto popular. Os cidadãos brasileiros tinham o direito de votar e escolher seus representantes no governo, incluindo o presidente e os membros do Congresso. Portanto, apesar da influência dos militares sobre o governo e do controle exercido sobre o processo político, o Brasil durante o regime militar ainda mantinha características de um sistema democrático, incluindo eleições regulares, múltiplos partidos políticos e participação popular no processo político.
O período que se seguiu foi marcado por uma busca por estabilidade e desenvolvimento econômico. Sob o regime militar, o Brasil testemunhou um crescimento econômico significativo, elevando-se de 49ª para 8ª maior economia do mundo. Durante os anos de 1965 a 1971, grupos de militantes de esquerda receberam treinamento militar em Cuba, tornando-se uma ameaça à segurança nacional. Esses grupos promoveram ações violentas, incluindo assassinatos, atentados terroristas com bombas, roubos e sequestros, caracterizando-se como terroristas.
Embora nenhum conflito seja isento de tragédias, é importante reconhecer o papel dos militares brasileiros como heróis que defenderam o país de uma ameaça real à democracia e à estabilidade. Diante do fracasso da revolta armada, os revolucionários de esquerda mudaram de tática, optando pela hegemonia cultural, para minar os valores tradicionais e criar uma nova sociedade. Foi necessária a infiltração em áreas da cultura, incluindo a educação, a arte, a literatura, a música e o cinema. O objetivo seria substituir os valores tradicionais por uma nova moralidade baseada no relativismo moral, criando uma sociedade de moralidade vazia de significado, onde as pessoas perderiam o sentido de identidade e propósito.
A luta contra essas ideologias continua sendo um desafio para o Brasil, e é fundamental entender e reconhecer todos os aspectos da história.
Vídeos Históricos:
Aclamação Popular à Intervenção Militar de 1964
José Rodolfo G. H. Almeida é escritor e editor do site www.conectados.site
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1964 The Story They Hid From You
In 1964, Brazil plunged into an intense political crisis, marked by instability and the communist threat, with direct influence from foreign powers.
Cuba, led by Fidel Castro, sought to expand its influence in Latin America, exporting its revolution and supporting political movements in different countries in the region. Cuba's participation in the training of Brazilian militants, providing resources, military instruction and ideological support, was one of the most notable aspects of its intervention.
Furthermore, the Soviet Union and China were equally involved, each with their own geopolitical interests. The Soviet Union, under the leadership of Nikita Khrushchev at the time, sought to extend its global influence and viewed Latin America as an area of potential expansion of its sphere of influence. Through political, financial and ideological support, the Soviet Union contributed to strengthening movements revolutionary politicians and destabilizing governments considered adversaries.
China, led by Mao Zedong, was also active in Latin America, seeking to establish alliances with governments and movements that shared its communist vision. Although China's relationship with Latin American countries was less prominent than that of the Soviet Union and Cuba, it still played a significant role in spreading communist ideology in the region.
This cooperation between communist countries and Latin American leftist movements was a manifestation of the Cold War, where global powers competed for geopolitical influence in different parts of the world.
In addition to the direct influence of foreign powers, several other factors contributed to the political context that culminated in the popular reaction.
The pre-1964 period was marked by a series of political and economic crises, including high inflation, government instability and social conflicts.
Left-wing movements, unions and student groups were increasingly active, advocating radical economic reforms. At the same time, conservative sectors saw these demands as a threat to the established social and economic order.
President João Goulart's government faced growing opposition in Congress and civil society due to his policies considered radical. His proposals for agrarian reform and nationalization of companies generated resistance.
Faced with this context of instability and perceived threat to the status quo, conservative sectors of society began to press for military intervention to save the country from an imminent communist coup. This pressure culminated in popular mobilization in favor of military intervention in 1964.
Popular reaction through several Brazilian civil movements, such as the "March of the Family with God for Freedom", took to the streets across the country, calling for military intervention to protect democracy and national values.
Contrary to the common narrative, it was not the military who instigated "a coup", but rather the National Congress which, by popular acclaim, revoked President João Goulart's mandate on April 2, 1964. This action was legally supported by the current Constitution, following due legal process in accordance with the regulations of the time. Then, on April 9, Congress elected Marshal Castelo Branco as president of Brazil. This election counted on the votes of prominent figures in Brazilian politics, such as Ulisses Guimarães, reinforcing the legality and legitimacy of the process.
During the military regime in Brazil, although the military exerted influence over the government and had a significant role in choosing presidential candidates, the political process of presidential elections was carried out in accordance with the rules established by the 1967 Constitution, which was promulgated during the military regime. Presidential candidates were nominated by the military regime's official political party, Arena. Presidential candidates were put to a popular vote, and the winner was elected president.
The National Congress continued to play an active role in Brazilian politics during the military regime. Elections for Congress were held regularly, and members of the legislature were elected by popular vote. Political parties, including Arena and MDB, participated in elections and competed for seats in Congress.
During the military regime, there were multiple political parties, although Arena was the official party of the regime. The MDB, although considered a controlled opposition, had representation in Congress and participated in the political process. Other parties also existed and competed in elections.
Elections under the military regime were held based on popular vote. Brazilian citizens had the right to vote and choose their representatives in government, including the president and members of Congress.
Therefore, despite the military's influence over the government and the control exercised over the political process, Brazil during the military regime still maintained characteristics of a democratic system, including regular elections, multiple political parties and popular participation in the political process.
The period that followed was marked by a search for stability and economic development. Under military rule, Brazil witnessed significant economic growth, rising from the 49th to the 8th largest economy in the world.
During the years 1965 to 1971, leftist militant groups received military training in Cuba, becoming a threat to national security. These groups carried out violent actions, including murders, terrorist attacks with bombs, robberies and kidnappings, characterizing themselves as terrorists.
Although no conflict is free from tragedies, it is important to recognize the role of the Brazilian military as heroes who defended the country from a real threat to democracy and stability. Faced with the failure of the armed revolt, leftist revolutionaries changed tactics, opting for cultural hegemony, to undermine traditional values and create a new society. It required infiltration into areas of culture, including education, art, literature, music and cinema.
The objective would be to replace traditional values with a new morality based on moral relativism, creating a society of meaningless morality, where people would lose their sense of identity and purpose.
The fight against these ideologies continues to be a challenge for Brazil, and it is essential to understand and recognize all aspects of history.
José Rodolfo G. H. Almeida is a writer and editor of the website www.conectados.site
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