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Mostrando postagens de março, 2024

O Imposto de Renda e a Expansão do Estado

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A sanha tributária do Estado é um daqueles fenômenos que, de tão onipresentes, tornaram-se invisíveis ao olhar da maioria. O cidadão médio, conformado com sua servidão fiscal, acostuma-se à ideia de que parte do seu trabalho pertence ao governo, como se isso fosse uma lei da natureza, e não um arranjo meticulosamente desenhado para maximizar a submissão sob o pretexto do bem comum. Entre os muitos tentáculos dessa máquina de expropriação, o imposto de renda ocupa um lugar de destaque. Diferentemente de tributos embutidos no consumo, que ao menos preservam uma ilusão de escolha, o imposto sobre a renda incide diretamente sobre o fruto do trabalho, reduzindo qualquer vestígio de autonomia financeira antes mesmo que o indivíduo tenha chance de decidir o que fazer com seu próprio dinheiro. Se cada compra já carrega consigo sua cota de impostos, por que razão a renda também deveria ser tributada? A resposta, se fôssemos ingênuos, seria que o Estado precisa de recursos para prover serviços...

1964 A História que Esconderam de Você

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  É curioso como a história se torna refém da ignorância e da má-fé. Se há um consenso entre os que se prestam ao ofício de falsificá-la, é que a mentira bem contada pode transformar um levante comunista em resistência democrática e uma reação legítima em golpe de Estado. Em 1964, o Brasil estava longe de ser um país isolado em suas crises políticas. O mundo estava dividido entre duas forças antagônicas: de um lado, o comunismo internacional, com suas garras fincadas em toda a América Latina; de outro, a resistência dos povos que, mesmo imperfeitos, ainda reconheciam o valor da liberdade e da ordem. Enquanto Fidel Castro erguia um regime de fuzilamentos e campos de reeducação, sua obsessão expansionista o levava a infiltrar militantes e financiar revoluções nos países vizinhos. Cuba não apenas exportava doutrina, mas também armas, treinamento militar e estratégias de subversão. Não se pode compreender 1964 sem entender o tabuleiro geopolítico da época. A União Soviética, sob Nikita...

Nos limites da Mentalidade Revolucionária

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  Desde que o homem é homem, ele sonha com um mundo diferente. A insatisfação com a ordem vigente sempre foi o motor da história, mas há uma diferença abissal entre o desejo de aperfeiçoamento e a ânsia revolucionária. A mentalidade revolucionária não busca reformas nem melhorias graduais, ela exige a aniquilação do passado e do presente, como se pudesse recriar o homem a partir do nada, moldando-o à imagem de um ideal abstrato. Essa pulsão destrutiva, embora disfarçada sob o manto da esperança, revela-se na sua mais pura essência quando se analisa seu histórico de feitos: Terror na França, Gulags na Rússia, fome no Camboja, expurgos na China. O padrão se repete como uma maldição, cada promessa de redenção desemboca em sangue, cada utopia vendida em nome do “bem maior” exige sacrifícios humanos que só de serem mencionados fariam estremecer os próprios deuses do paganismo antigo. O revolucionário, em sua essência, é um profeta sem Deus, um demiurgo de gabinete que se julga capaz de ...

O Poder dos Rótulos

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  Vivemos tempos em que a própria estrutura da realidade parece estar sendo reconfigurada pelo uso astucioso da linguagem. Um dos traços mais evidentes dessa engenharia semântica é a rotulação arbitrária de indivíduos pacíficos e coerentes com suas crenças como "extremistas". Mas essa estratégia não se limita a um jogo retórico inofensivo; ela cumpre uma função específica dentro de um projeto de poder que visa não apenas cercear o debate público, mas reconfigurar as coordenadas do pensamento humano. A imprensa de massa, na ânsia de agir como o novo Magistério da Moralidade Pública, não argumenta, não debate, não contra-argumenta. Ela sentencia. Atesta, sem prova nem justificativa racional, que determinadas opiniões são inaceitáveis, que certos valores são "perigosos" e que a própria estrutura de significados que sustentou a civilização por séculos deve ser pulverizada para abrir espaço a um novo código de conduta, arbitrário e totalitário. A manipulação linguística ...

Como o Discurso Político Forja a Realidade Social

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Se há um campo onde a linguagem se transmuta em arma, este é o da política. Reduzir o discurso político a um mero fenômeno comunicativo é o tipo de ingenuidade que só pode vicejar em ambientes acadêmicos assépticos, onde a análise se dá sobre palavras esvaziadas de contexto e desvinculadas do jogo real das forças em disputa. A linguagem política não é inocente, nem espontânea; ela é moldada como um bisturi de precisão cirúrgica para cortar, amputar e reconfigurar a percepção do público. O problema fundamental da análise da linguagem política reside na ilusão de que seu estudo pode se dar apenas em termos descritivos, como se fosse possível mapear suas estruturas sem reconhecer sua essência transformadora e perversa. A linguagem não apenas descreve a realidade política, ela a fabrica. Quem controla as palavras, controla as mentes; e quem controla as mentes, define o real.  O erro da maioria das análises está na crença de que a política é um embate de ideias racionais quando, na verd...