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Mostrando postagens de novembro, 2023

Unidade 731 – O Estado como Máquina de Morte

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  A história tem suas lições, mas poucos as aprendem, e muitos fazem questão de esquecê-las. Uma delas é a seguinte: quando o Estado se arroga o direito de decidir quem vive e quem morre, o resultado inevitável é uma orgia de atrocidades. Entre os exemplos mais eloquentes dessa verdade está a Unidade 731 do Japão imperial. Enquanto o regime exibia o rosto de Hirohito em medalhas e enchia os pulmões com discursos sobre "honra", nos bastidores operava uma fábrica de horror cujo requinte sádico faz corar qualquer ficcionista de distopias. Sob o comando do "médico" Shiro Ishii, aspas necessárias, o Estado japonês não apenas tolerava a barbárie, mas a institucionalizava, promovendo seus agentes de carnificina em vez de arrastá-los para a forca. O catálogo de horrores da Unidade 731 não se limitava a pequenos excessos militares. O que ali se praticava era uma teologia da destruição, um culto à experimentação mortífera travestido de ciência. Homens, mulheres e crianças er...

O Instante Perpétuo – Devoção Irracional

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  Existe um mecanismo na história das ideias, uma armadilha que seduz tanto intelectuais quanto revolucionários: a obsessão por capturar um momento, um ideal, e transformá-los em uma entidade absoluta, imune à passagem do tempo e às refutações da realidade. O nome dessa ilusão? Instante Perpétuo. O conceito pode parecer abstrato à primeira vista, mas sua influência se faz sentir em toda parte. Ele é o fundamento oculto de cada projeto que busca impor ao mundo uma perfeição definitiva, sacrificando tudo que estiver no caminho. É a tentativa de transformar uma aspiração momentânea em destino histórico, de fixar um ideal utópico e, a partir dele, reescrever o passado, subjugar o presente e justificar o futuro.  Essa ideia está no cerne dos movimentos revolucionários e das grandes utopias totalitárias. A lógica é sempre a mesma: há um momento de epifania, seja uma teoria política, uma vez elevado à condição de verdade suprema, exige que toda a estrutura da sociedade se curve a ele...

Honestidade seletiva – Lições para iniciantes

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A necessidade de parecer virtuoso, e não de ser, tornou-se o motor de todas as grandes imposturas do nosso tempo. Qualquer pateta que adere a uma "causa" se julga elevado a uma estirpe de homens superiores. Não precisa agir corretamente, nem ter coragem moral, nem se comprometer com a verdade, basta repetir as ideias ideológicas do momento, e pronto, sente-se parte da nova aristocracia dos justos. Esse fenômeno não é novo. O ser humano sempre teve uma inclinação natural para buscar pertencimento e justificar sua existência por meio de ideais. Mas o que distingue a nobreza verdadeira da farsa dos falsos nobres é um detalhe incômodo para os que vivem de narrativas: a verdade. Porque a verdadeira nobreza não se conquista com aforismos, mas com caráter. Não se mede pelo alinhamento com um grupo, mas pela coerência entre o que se diz e o que se faz. A mentira virou ferramenta política, e quem insiste em ser honesto se torna uma ameaça. E como qualquer ameaça, precisa ser ridicular...

O Estado populista transformando benefícios em "direitos"

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Direito não é só uma palavra bonita para enfeitar discursos de políticos. Tampouco é um capricho concedido pelo humor do governante da vez. Direito, em sua acepção mais fundamental, é aquilo que lhe pertence por natureza, aquilo que ninguém pode tomar sem cometer um ato de usurpação. Seu direito à vida, à propriedade e à liberdade precede o Estado, pois deriva da própria condição humana. O governo não os concede, apenas os viola ou os protege. Mas eis que surge o Leviatã estatal, envolto em vestes de protetor, anunciando que vai "garantir seus direitos". Segurança, saúde, educação, moradia, transporte, tudo "de graça", como se a realidade econômica obedecesse a um passe de mágica. Mas quem financia essa generosidade? Você. O Estado, que por si só não gera um centavo de riqueza, precisa extrair dos produtores. A mão que dá é a mesma que, antes, precisou tomar. Esse truque político não é novidade. Desde que o mundo é mundo, governantes percebem que a maneira mais efic...