O Fascismo Além dos Rótulos
O termo "fascismo" traz imagens de tropas marchando, discursos inflamados e o esmagamento da dissidência sob um Estado hipertrofiado. Mas no vocabulário político moderno, sua função raramente se atém à precisão histórica ou conceitual. Tornou-se um grito de guerra, com a leveza irresponsável de quem não se dá ao trabalho de entender o que profere.
Vivemos uma era em que o epíteto "fascista" é arremessado contra conservadores, liberais, cristãos e qualquer um que ouse questionar os dogmas progressistas. A ironia é brutal: as vítimas dessa acusação são, em geral, defensores da democracia, da propriedade privada e da liberdade individual, valores diametralmente opostos ao verdadeiro fascismo. O expediente, não é novo. Como todo movimento revolucionário, a esquerda precisa rotular seus inimigos para neutralizá-los. O debate honesto dá lugar à anulação moral. A mera associação com o "inominável" já basta para condenar alguém ao ostracismo.
Mas afinal o que foi o fascismo? O próprio Benito Mussolini o definiu com a célebre máxima: “Tudo para o Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado.” O fascismo é a glorificação do poder estatal como entidade totalizante, a qual todos os aspectos da vida social devem se submeter. Eis aqui um ponto crucial que desmonta a farsa contemporânea: a esquerda, historicamente entusiasta do expansionismo estatal, tem mais afinidade estrutural com o fascismo do que aqueles que a acusam de sê-lo.
Não é coincidência que o fascismo compartilhe raízes com o socialismo. Ambos são sistemas de planejamento centralizado, hostis ao capitalismo de livre mercado e à democracia liberal. Ambos desprezam a autonomia do indivíduo e apostam na engenharia social para moldar uma sociedade "ideal". Ambos enxergam o Estado como o árbitro absoluto do destino coletivo. Se há uma diferença essencial, reside na retórica: enquanto os socialistas proclamam um ideal igualitário, os fascistas exortam um ideal nacionalista. Mas, na substância, pouco os distingue.
Os exemplos históricos são reveladores. O nazismo, na Alemanha, aplicou o fascismo com uma roupagem racialista. No Japão militarista, o fascismo se mesclou ao culto ao imperador. Em cada caso, as particularidades culturais moldaram a expressão do fenômeno, mas a base comum persistiu: o primado absoluto do Estado sobre a sociedade.
O que observamos hoje, não é uma investigação séria sobre o fascismo, mas um expediente de guerra política. A acusação indiscriminada de fascismo não visa elucidar, mas silenciar. Visa interditar o debate e reduzir o adversário a uma caricatura demoníaca. Quem não se curva ao pensamento progressista é automaticamente tachado de fascista, sem necessidade de prova ou argumentação.
O efeito desse abuso semântico é duplo. Primeiro, torna impossível qualquer discussão racional sobre o tema, pois esvazia o conceito de seu significado real. Segundo, encobre os verdadeiros impulsos totalitários que se infiltram nas democracias modernas, travestidos de suposta luta pela "justiça social". A censura, a perseguição política, o controle absoluto da informação e a criminalização da dissidência não são fenômenos atribuíveis à direita liberal e conservadora, mas àqueles que dizem combatê-los.
O verdadeiro fascismo não se manifesta em quem defende liberdade, propriedade e autonomia individual. Ele reside nos que querem sufocar o pensamento divergente e concentrar cada vez mais poder nas mãos de burocratas iluminados. Ele está onde há culto ao Estado, desprezo pelo indivíduo e aversão à liberdade.
Se queremos realmente compreender o fascismo e impedir seu retorno, precisamos antes de tudo recuperar o significado das palavras. Enquanto elas forem usadas como armas de manipulação, a verdade permanecerá refém da mentira política.
José Rodolfo G. H. Almeida é escritor e editor do site www.conectados.site
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Fascism Beyond Labels
The term “fascism” conjures up images of marching troops, fiery speeches, and the crushing of dissent under a hypertrophied state. But in modern political vocabulary, its function rarely rests on historical or conceptual accuracy. It has become a rallying cry, with the irresponsible lightness of those who do not bother to understand what they are saying.
We live in an era in which the epithet “fascist” is hurled at conservatives, liberals, Christians, and anyone who dares to question progressive dogma. The irony is brutal: the victims of this accusation are, in general, defenders of democracy, private property, and individual liberty, values diametrically opposed to true fascism. This is not a new tactic. Like any revolutionary movement, the left needs to label its enemies in order to neutralize them. Honest debate gives way to moral nullification. The mere association with the “unspeakable” is enough to condemn someone to ostracism.
But what was fascism, after all? Benito Mussolini himself defined it with the famous maxim: “Everything for the State, nothing against the State, nothing outside the State.” Fascism is the glorification of state power as a totalizing entity, to which all aspects of social life must submit. Here is a crucial point that dismantles the contemporary farce: the left, historically enthusiastic about state expansionism, has more structural affinity with fascism than those who accuse it of being so.
It is no coincidence that fascism shares roots with socialism. Both are systems of centralized planning, hostile to free-market capitalism and liberal democracy. Both despise individual autonomy and rely on social engineering to shape an “ideal” society. Both see the state as the absolute arbiter of collective destiny. If there is an essential difference, it lies in rhetoric: while socialists proclaim an egalitarian ideal, fascists exhort a nationalist ideal. But in substance, there is little difference between the two.
Historical examples are revealing. Nazism in Germany applied fascism in a racialist guise. In militaristic Japan, fascism was mixed with emperor worship. In each case, cultural particularities shaped the expression of the phenomenon, but the common basis remained: the absolute primacy of the State over society.
What we are seeing today is not a serious investigation into fascism, but a political warfare expedient. The indiscriminate accusation of fascism does not aim to elucidate, but to silence. It aims to forbid debate and reduce the adversary to a demonic caricature. Anyone who does not bow to progressive thought is automatically labeled a fascist, without the need for proof or argument.
The effect of this semantic abuse is twofold. First, it makes any rational discussion of the subject impossible, since it empties the concept of its real meaning. Second, it conceals the true totalitarian impulses that infiltrate modern democracies, disguised as the supposed struggle for "social justice." Censorship, political persecution, absolute control of information and the criminalization of dissent are not phenomena attributable to the liberal and conservative right, but to those who claim to combat them.
True fascism does not manifest itself in those who defend freedom, property and individual autonomy. It resides in those who want to stifle divergent thought and concentrate ever more power in the hands of enlightened bureaucrats. It is found wherever there is worship of the State, contempt for the individual and aversion to freedom.
If we truly want to understand fascism and prevent its return, we must first of all recover the meaning of words. As long as they are used as weapons of manipulation, truth will remain hostage to political lies.
José Rodolfo G. H. Almeida is a writer and editor of the website www.conectados.site
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