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A PRESENÇA DO SER NECESSÁRIO — INTUIÇÃO, VERDADE E FUNDAMENTO NA FILOSOFIA CLÁSSICA

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A PRESENÇA DO SER NECESSÁRIO — INTUIÇÃO, VERDADE E FUNDAMENTO NA FILOSOFIA CLÁSSICA Resumo A reflexão filosófica sobre o fundamento da realidade conduz inevitavelmente à distinção entre o ser contingente, que pode não ser, e o ser necessário, que não pode deixar de ser. A metafísica clássica, a partir de Aristóteles e retomada por Tomás de Aquino, compreende que toda cadeia causal e todo processo de conhecimento repousam sobre princípios primeiros, indemonstráveis, mas autoevidentes. Este artigo propõe que o problema do regresso infinito do pensamento não se resolve apenas por dedução racional, mas encontra solução na intuição intelectual, isto é, na apreensão direta e imediata do ser. Nessa visão, o intelecto humano participa ontologicamente da Verdade e, ao apreender o que é, toca o próprio Ser necessário. O fundamento não se situa além da inteligência, mas se manifesta no próprio ato de conhecer, unindo metafísica e gnosiologia em um mesmo horizonte. Essa presença do ser no intelect...

Entre o Verbo e a História - ensaio sobre o profetismo e a restauração do espírito

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  Resumo Este ensaio propõe uma reflexão filosófico-teológica sobre o papel do profeta como agente criador da história. Em contraste com a concepção moderna de previsibilidade e controle técnico do futuro, argumenta-se que o profetismo constitui o ponto de interseção entre o humano e o transcendente, a reintegração da causalidade espiritual na matéria histórica. A análise percorre as consequências antropológicas dessa ruptura, o nascimento da interioridade cristã, o monaquismo como paradigma civilizacional e a crise contemporânea de consciência moral. Entre o Verbo e a História - ensaio sobre o profetismo e a restauração do espírito O homem moderno, esse ser ansioso por prever, acredita que, se conhecer as curvas de uma planilha, dominará o destino. Mas não há erro mais profundo. O profeta, em sua acepção original, não prevê, ele faz ser. A etimologia grega de prophero indica “fazer surgir”, “trazer à luz”. O profeta é o instrumento humano da causalidade espiritual; não o espectado...

O Cristianismo e a Liberação da Consciência Humana

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  Nós, modernos, nos iludimos com uma adesão fácil e superficial a "verdade interior". Não seria essa verdade, em sua essência mais profunda, algo que demanda discrição, um recolhimento que resguarde sua integridade contra a profanação do público? Não falo de uma filosofia de gabinete, que se contenta em dissecar conceitos, sem jamais tocar a ferida aberta da condição humana. Refiro-me a uma investigação onde o indivíduo confronta o que é eterno e o que é efêmero, entre o sagrado íntimo e os rituais coletivos que, por mais vazios e deteriorados, ainda exercem seu domínio simbólico até que o véu se rasgue. Consideremos, por exemplo, as antigas tradições esotéricas, pense em Plotino, com sua ascensão dialética ao Uno, ou em Meister Eckhart, que sussurrava sobre o "fundo da alma" onde Deus se revela sem intermediários, tradições que guardavam o núcleo transcendental como um segredo para iniciados, não por elitismo, mas por reconhecer que a exposição prematura ao vulgo ...

O Ateísmo Comparado

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  Quem quer que se aventure no estudo da descrença moderna sem a preguiça que infesta as academias logo percebe uma verdade elementar, mas sistematicamente ignorada, o ateísmo não é um fenômeno homogêneo, uma massa indiferenciada de negação vazia, mas uma variedade de formas, cada qual moldada pelo solo religioso de onde emerge. Não basta dizer "não acredito em Deus" e esperar que isso explique tudo; a negação da divindade varia conforme o berço espiritual de onde o indivíduo emerge, como uma sombra que carrega os contornos de sua fonte de luz. Abandonar o cristianismo não é equiparável a renunciar ao budismo, nem rejeitar o Islã se compara à apostasia do judaísmo. Cada ato de descrença é um reflexo singular, moldado pela teologia que o precede, e ignorar isso é condenar-se a vagar na confusão das ideias modernas sem bússola. Se comparamos religiões em suas estruturas, por que não uma ciência que dissecasse os ateísmos em suas raízes específicas? Talvez temam o que ela revela...

O Livreto: O Jogo das Essências Eternas

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Sinopse O romance é uma ficção filosófico-distópica de caráter futurista, ambientada em uma Terra dividida entre megacidades, onde existe uma província chamada Hierópolis. Lá uma ordem de guardiães pratica o "Jogo das Essências Eternas", uma disciplina abstrata que entrelaça mitos, filosofias e símbolos para revelar hierarquias naturais e restaurar a autonomia da alma. O protagonista, Elias Knecht, é um homem exilado das megacidades. Elias deve escolher entre preservar o jogo ou usá-lo para uma insurreição espiritual, arriscando a dissolução da ordem e sua própria alma. O romance é uma meditação sobre o mal que reside na vontade desordenada, a virtude da desobediência sagrada e a busca por uma república autêntica em um futuro desumanizado. O Jogo das Essências Eternas Megacidades erguiam-se como tumbas de vidro e aço. Na vasta urbe de Nova Babel, onde os olhos invisíveis dos algoritmos vigiavam cada suspiro, Elias Knecht caminhava entre as multidões. Os telões pulsavam com pr...